Lutadora que protestou nua revela drama: "O corpo foi o que me restou"
Betina Baino retomou a rotina de treinamentos após protestar sem roupas em Porto Alegre; atleta conta que quer reconstruir a vida e voltar a praticar o esporte
Com dificuldades financeiras e desempregada, a lutadora de MMA que foi flagrada caminhando nua em uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre, na última semana, busca um recomeço na vida e no esporte. Betina Baino segue com os treinamentos na academia de um amigo e vive em uma pensão na Zona Norte da capital gaúcha. E não demonstra arrependimento pelo “desabafo” que fez ao circular despida.
Pelo contrário. A atleta recebeu o GloboEsporte.com nesta quinta-feira e falou com tranquilidade sobre sua relação com o corpo e até mesmo com a prostituição, mundo em que admitiu ter se inserido por sobrevivência (confira um trecho da entrevista no vídeo acima).
- Foi um conjunto de fatores de ordem pessoal. No caminho, fui pensando. Estava tão desamparada. Não tenho onde morar, não tenho dinheiro. Meu corpo foi tudo o que me restou. Escuto elogios pelo meu corpo. Foi bom correr na chuva, ótimo. Eu não sou louca, tive que engolir muita coisa. Mas não tinha a quem pedir, não tenho quem me representa - ressalta.
Segundo Betina, as artes marciais, como o muay thai, sempre fizeram parte de sua rotina, tanto que migrou para o MMA há pouco mais de um ano. Pela modalidade, disputou cinco lutas profissionais - a última, em agosto deste ano. Ela perdeu para Ingrid Iasmin, pelo evento Samurai Combate 6. Nas duas lutas anteriores, em julho e maio deste ano, ela venceu as suas adversárias.
Durante o tempo em que se dedicou com maior esmero ao esporte, trabalhou como faxineira, tarefa que a ajudava a manter “os braços fortes” e a pagar contas para morar junto com uma amiga. O pouco dinheiro que recebia a levou a desistir do esporte. Acabou por se tornar stripper.
Betina largou os treinos diários e foi para o interior do Rio Grande do Sul. Morou em cidades como Passo Fundo, no Norte, e Flores da Cunha, na Serra. Por lá, passou a se prostituir. Praticava pole dance (dança sensual) em casas do ramo e realizava os programas. Resolveu voltar para Porto Alegre meses depois, com a certeza de que deixaria a vida da prostituição.
- Meu primeiro programa foi no dia 12 de junho, justamente o Dia dos Namorados. Era horrível, tem cada coisa que vi nesse meio. Precisava beber para fazer os programas, e beber não combina com a vida de atleta. Me prostituí até em calçada, de dia, para conseguir comida. Antes de voltar a Porto Alegre, dormi dois dias na rodoviária porque não tive como trocar a passagem. As pessoas me davam comida. Agora estou aqui - relata.
Me prostitui até em calçada, de
dia, para conseguir comida
Betina Baino
A lutadora garante que não precisa de tratamento psicológico. Se considera limpa das drogas, que não usa há dois meses. Quer mesmo é praticar esporte e trabalhar no ramo das lutas. A paixão pelo MMA é forte. Segundo ela, foi o que salvou sua vida quando estava em uma forte depressão. A falta de incentivo a preocupa, mas não demonstra estar desanimada. Entre uma ajuda e outra, promete se reerguer.
Em meio à batalha para retornar ao MMA, a lutadora se diz cansada. Vai às lágrimas ao falar do filho de três anos, a quem é impedida de ver. Perdeu a guarda do menino e foi interditada judicialmente, condição que a impede, por exemplo, de assinar contratos e vender bens.
A criança e a filha mais velha, de 17 anos, moram com os avós maternos. A lutadora conta que a situação foi gerada por causa de um relacionamento conturbado com o pai do filho mais jovem, que envolveu brigas e o uso de drogas.
Com dificuldades financeiras e desempregada, a lutadora de MMA que foi flagrada caminhando nua em uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre, na última semana, busca um recomeço na vida e no esporte. Betina Baino segue com os treinamentos na academia de um amigo e vive em uma pensão na Zona Norte da capital gaúcha. E não demonstra arrependimento pelo “desabafo” que fez ao circular despida.
Pelo contrário. A atleta recebeu o GloboEsporte.com nesta quinta-feira e falou com tranquilidade sobre sua relação com o corpo e até mesmo com a prostituição, mundo em que admitiu ter se inserido por sobrevivência (confira um trecho da entrevista no vídeo acima).
- Foi um conjunto de fatores de ordem pessoal. No caminho, fui pensando. Estava tão desamparada. Não tenho onde morar, não tenho dinheiro. Meu corpo foi tudo o que me restou. Escuto elogios pelo meu corpo. Foi bom correr na chuva, ótimo. Eu não sou louca, tive que engolir muita coisa. Mas não tinha a quem pedir, não tenho quem me representa - ressalta.
Segundo Betina, as artes marciais, como o muay thai, sempre fizeram parte de sua rotina, tanto que migrou para o MMA há pouco mais de um ano. Pela modalidade, disputou cinco lutas profissionais - a última, em agosto deste ano. Ela perdeu para Ingrid Iasmin, pelo evento Samurai Combate 6. Nas duas lutas anteriores, em julho e maio deste ano, ela venceu as suas adversárias.
Durante o tempo em que se dedicou com maior esmero ao esporte, trabalhou como faxineira, tarefa que a ajudava a manter “os braços fortes” e a pagar contas para morar junto com uma amiga. O pouco dinheiro que recebia a levou a desistir do esporte. Acabou por se tornar stripper.
Betina largou os treinos diários e foi para o interior do Rio Grande do Sul. Morou em cidades como Passo Fundo, no Norte, e Flores da Cunha, na Serra. Por lá, passou a se prostituir. Praticava pole dance (dança sensual) em casas do ramo e realizava os programas. Resolveu voltar para Porto Alegre meses depois, com a certeza de que deixaria a vida da prostituição.
- Meu primeiro programa foi no dia 12 de junho, justamente o Dia dos Namorados. Era horrível, tem cada coisa que vi nesse meio. Precisava beber para fazer os programas, e beber não combina com a vida de atleta. Me prostituí até em calçada, de dia, para conseguir comida. Antes de voltar a Porto Alegre, dormi dois dias na rodoviária porque não tive como trocar a passagem. As pessoas me davam comida. Agora estou aqui - relata.
Me prostitui até em calçada, de
dia, para conseguir comida
Betina Baino
A lutadora garante que não precisa de tratamento psicológico. Se considera limpa das drogas, que não usa há dois meses. Quer mesmo é praticar esporte e trabalhar no ramo das lutas. A paixão pelo MMA é forte. Segundo ela, foi o que salvou sua vida quando estava em uma forte depressão. A falta de incentivo a preocupa, mas não demonstra estar desanimada. Entre uma ajuda e outra, promete se reerguer.
Em meio à batalha para retornar ao MMA, a lutadora se diz cansada. Vai às lágrimas ao falar do filho de três anos, a quem é impedida de ver. Perdeu a guarda do menino e foi interditada judicialmente, condição que a impede, por exemplo, de assinar contratos e vender bens.
A criança e a filha mais velha, de 17 anos, moram com os avós maternos. A lutadora conta que a situação foi gerada por causa de um relacionamento conturbado com o pai do filho mais jovem, que envolveu brigas e o uso de drogas.
Lutadora se emocionou ao falar do filho de três anos
(Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)
- É uma dor muito grande. Eu tentei vê-lo e meus pais chamaram a polícia. Não tenho medo, mas eles tiram do menino a possibilidade de conviver com a mãe. Meu pai, que é médico, não aceita minhas atitudes - lamenta.
Enquanto a volta ao esporte não se concretiza, a lutadora quer ter dinheiro para se sustentar, só não sabe em que área conseguirá um emprego. Já cursou direito e serviço social, mas não concluiu as faculdades. Até agora, tem procurado fazer entrevistas e afirma que seus amigos não a deixam desamparada. Tanto que, em meio à conversa, parou em uma banca de frutas localizada em frente à academia para pegar uma banana, dada pelo dono do local.
Técnico mostra apreensão
O ex-treinador da lutadora diz que está preocupado com a ex-aluna e amiga. O professor de lutas Pércio Rodrigues conta que conhece Betina Baino há pelo menos 15 anos e que teve o último contato na semana passada, quando foi informado que ela estava trabalhando no interior do Rio Grande do Sul e que estava bem. Na quinta-feira, ele foi surpreendido ao ver as notícias sobre o ato da ex-aluna.
- Estou bem preocupado. Fiquei surpreso. Mas vamos ver, tomara que ela se saia bem. De repente precisa de um tratamento, se está com problema psicológico. O esporte ajuda, mas quando se trata de saúde mental, é bom procurar auxílio - comentou.
Lutadora luta para retornar ao MMA, em Porto Alegre (Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)
Conforme Pércio, Betina começou a lutar em 2011. Entretanto, após participar de cinco combates em nove meses em 2014, ela disse que precisava descansar. Há algum tempo, ela teria procurado outro professor para seguir os treinamentos, mas os dois nunca perderam o contato. O treinador relata que a lutadora tinha potencial para seguir no esporte. Treinava duro e demonstrava gostar de competir. Mas as dificuldades para conseguir patrocínio a desanimaram.
Outros casos de nudez
O desabafo da lutadora em meio ao trânsito de Porto Alegre foi o segundo caso de nudez pública registrado na capital. O primeiro ocorreu em 30 de outubro, quando uma jovem foi vista correndo nua no Parque Moinhos de Vento. No último domingo, uma mulher foi vista correndo pelada no Centro e um ciclista caminhou nu pela Avenida Carlos Gomes.
- É uma dor muito grande. Eu tentei vê-lo e meus pais chamaram a polícia. Não tenho medo, mas eles tiram do menino a possibilidade de conviver com a mãe. Meu pai, que é médico, não aceita minhas atitudes - lamenta.
Enquanto a volta ao esporte não se concretiza, a lutadora quer ter dinheiro para se sustentar, só não sabe em que área conseguirá um emprego. Já cursou direito e serviço social, mas não concluiu as faculdades. Até agora, tem procurado fazer entrevistas e afirma que seus amigos não a deixam desamparada. Tanto que, em meio à conversa, parou em uma banca de frutas localizada em frente à academia para pegar uma banana, dada pelo dono do local.
Técnico mostra apreensão
O ex-treinador da lutadora diz que está preocupado com a ex-aluna e amiga. O professor de lutas Pércio Rodrigues conta que conhece Betina Baino há pelo menos 15 anos e que teve o último contato na semana passada, quando foi informado que ela estava trabalhando no interior do Rio Grande do Sul e que estava bem. Na quinta-feira, ele foi surpreendido ao ver as notícias sobre o ato da ex-aluna.
- Estou bem preocupado. Fiquei surpreso. Mas vamos ver, tomara que ela se saia bem. De repente precisa de um tratamento, se está com problema psicológico. O esporte ajuda, mas quando se trata de saúde mental, é bom procurar auxílio - comentou.
Lutadora luta para retornar ao MMA, em Porto Alegre (Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com)
Conforme Pércio, Betina começou a lutar em 2011. Entretanto, após participar de cinco combates em nove meses em 2014, ela disse que precisava descansar. Há algum tempo, ela teria procurado outro professor para seguir os treinamentos, mas os dois nunca perderam o contato. O treinador relata que a lutadora tinha potencial para seguir no esporte. Treinava duro e demonstrava gostar de competir. Mas as dificuldades para conseguir patrocínio a desanimaram.
Outros casos de nudez
O desabafo da lutadora em meio ao trânsito de Porto Alegre foi o segundo caso de nudez pública registrado na capital. O primeiro ocorreu em 30 de outubro, quando uma jovem foi vista correndo nua no Parque Moinhos de Vento. No último domingo, uma mulher foi vista correndo pelada no Centro e um ciclista caminhou nu pela Avenida Carlos Gomes.
Por Paula MenezesPorto Alegre
Globo Esporte
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